Oito horas. Nove horas. Minuto a minuto, sol sim sol não, dúvida em forma de elevador em outro andar qualquer, bom dia oval, sub-reptício, preso por cordel de uma caixa de bolinhos, fóssil rebuscado de outra rua com principio, meio e sem fim. A esquina, a avenida, a esquina, a rua, a parede com impressão digital e pegadas de dinossauros, ou pelo menos um único, o que vagueava em habitat alheio, armas a tiracolo e óculos escuro de ver o mundo com a cor pretendida. A madrugada, o fim de tarde, a neblina, os papéis que voam em remoínho, os barcos ainda dormem, as prateleiras reflectem as luzes, e entre os que não acordam e os que dormem sugerem-se cortes laterais de onde se esvai a maçada e o tempo perdido. Não acreditam? Vejamos: uma chávena de chá, quase cheia, engraçada; o homem da gabardine, céu cinzento, nuvens escuras, chuva e mais chuva que atrasa o autocarro; um vidro de uma janela, fechada, segura, lânguida e morna; o copo de cerveja, alto, afunilado, glamoroso, dourado num balcão de apenas três clientes, todos diferentes, a mesma conversa, os relógios parados; as três voltas da chave, o empurrão de garantia, o olhar zeloso, as chaves no bolso e o dever cumprido; o nascimento, a infância, a juventude, a puberdade, a responsabilidade, o atrevimento, o crescimento e o desenvolvimento e a paragem cardíaca, o adulto, o maduro, o envelhecido, o idoso, o morto.
Consulto no catálogo a falta de coerência, reflicto algumas medidas de tempo, olho em volta (muito importante, olhar em volta) e submeto a vontade ao argumento. Que te importa se não foi escrito por ti.
Ao som de Suicide "Ghost Rider"
maio 15, 2007
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5 comentários:
Gostaria de saber se escreves com tanta humanidade de como vives? ou é apenas mais um paradoxo interessante para juntar ao meu catalogo da raça humana?
maria joão
Isso agora... ou melhor: Lovers, warriors, magicians, kings...
Von
Uma não resposta não era o esperado. Mas compreendo que te reserves ao direito de não falar, vendo bem as coisas também não tenho legitimidade alguma em perguntar.
Maria João
Responder um sim, vivo com humanidade, preocupação e solidariedade com o meu semelhante, traduziria não só alguma soberba, como dificilmente seria possível validar. Sendo assim, o que responder? Espero que a minha escrita responda por mim...
Von
Respondeu como um King mas a sua escrita é declaradamente esfera do magician, fiquei satisfeita.
E já agora escreva com mais regularidade existe muita languidez, característica dos lovers na forma como vai alimentando e nutrindo o seu blog. Faço votos que o Warrior acorde, que desse nem ve-lo.
:-)
maria joão pouco dada a Eremite
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