Repetimos o Verão com a vontade das manhãs amarelas, dos pêssegos com o sumo a escorrer pelo peito, da areia quente e das árvores que só existem depois do almoço. Essas que espreitam ao longe. Não se conhece o seu tempo, nem se conseguem medir nem arrumar as dúvidas e as intenções. Existem algures, mas só de vez em quando. E é o bastante. Se fossem eternos e possuissem razão, perderiam a cor e o sabor. Se conhecessem o tempo e as estações do ano, ficariam poeirentos. Se nos fossem apresentados com cerimónia, provavelmente desdenhariam o nosso sorriso. Provocadores e ocasionalmente ignorantes, estes bocados de imagem e fruta fresca são sábios, quando se escondem. De nós. E por sabermos os seus segredos, quando os sabemos, perdemos a inocência e não os conseguimos saborear até ao fim.
Ao som de An April March "Summer's Gone"
julho 17, 2025
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A beleza reside na subtileza das metáforas, mas ocasionalmente, a densidade abala a inocência por vezes sublinhada.
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